Dos 2,5 milhões residentes na capital baiana, cerca de 133 mil foram avaliados com catarata, necessitando tratar a doença por meio de cirurgia. Os dados foram disponibilizados a reportagem do Bahia Notícias pela Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS).
A doença ocular faz com que a visão dos pacientes fique opaca, impedindo que a luz passe corretamente, e fazendo com que os acometidos passem pelo processo. A enfermidade ainda prejudica a nitidez das imagens, deixando a visão esbranquiçada, amarelada, turvo ou embaçado.
Segundo o oftalmologista Bruno Castelo Branco, exposição ao sol, diabetes e o hábito de fumar estão entre os fatores que podem impactar no desenvolvimento da enfermidade.
“A idade e a exposição ao sol são os principais fatores de risco associados a catarata, mas o hábito de fumar, o uso de corticosteroides e o diabetes são fatores que também aceleram o aparecimento da catarata”, disse Castelo Branco ao Bahia Notícias.
O médico ainda apontou que a cidade poderia obter um número maior de procedimentos efetuados, tendo em vista da grande demanda em todo o país.
“A cirurgia de catarata é a cirurgia mais realizada todos os anos. No Brasil são realizados 800 mil cirurgias por ano, então em Salvador talvez esperássemos um número ainda um pouco maior”, revelou o especialista do Itaigara Memorial.
Entre os principais sintomas da enfermidade, está a má qualidade de visão, conforme explicou o oftalmologista.
“O principal sintoma da catarata é a piora da qualidade da visão. Porém, o paciente pode perceber isso de uma forma subjetiva com maior frequência de quedas ou acidentes. A mudança do grau do óculos após os 50 anos também sugere o início de catarata”, afirmou.
Uma melhor qualidade para enxergar foi um dos motivos que fez a dona de casa, Ana Rita Cerqueira, de 64 anos, passar pela cirurgia no mês passado em Salvador.
“A vontade de enxergar melhor, de recuperar o prazer de ver televisão e a vontade de poder usar um óculos de sol, já que a lente que eu usava era muito grossa e muito cara, por conta do grau alto, me fez realizar esta cirurgia de catarata. Além disso, no último ano começou a lacrimejar muito e ficar muito ressecado. Eu demorei um pouco de fazer por medo do resultado não ser o que eu esperava. Gostei do resultado da cirurgia porque já saí do hospital enxergando”, contou Cerqueira ao BN.
A aposentada Terezinha Brandão, de 80 anos, da cidade de Seabra, se deslocou até Salvador para realizar a cirurgia de catarata. A idosa comentou que passou pelo procedimento pois sentia dificuldades e problemas para enxergar em uma distância longe.
“O que me levou a fazer a cirurgia da catarata foi porque já estava sentindo dificuldade para ler e ver com uma certa distância. O oftalmologista indicou a cirurgia, mas eu adiei por uns cinco anos. O pós-operatório foi um pouco complicado, fiquei com a vista embaçada por uns dias, não conseguia ler, nem escrever”, observou Brandão.
GLAUCOMA
Outra doença nos olhos registrada na capital baiana, o glaucoma, que acontece quando o nervo que liga o olho ao cérebro fica danificado devido à alta pressão ocular, também atingiu uma parte da população.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), um total de 18 mil casos foram identificados e tratados na rede. Entre os tipos da doença, a mais comum seria o glaucoma de ângulo aberto, que não costuma apresentar outros sintomas além da perda lenta da visão. Em entrevista ao Bahia Notícias, a Camila Koch, membro da atual diretoria da Sociedade de Oftalmológia da Bahia (SOFBA), disse que o glaucoma pode ter diferentes classificações e sintomas, que podem levar até a cegueira.
“Os tipos de glaucoma tem diferentes sintomas. O glaucoma de ângulo fechado pode aparecer com um quadro agudo, surgindo dor ocular, vermelhidão, diminuição da visão, sensibilidade a luz, náuseas e vômitos. Já o glaucoma primário de angulo aberto, que é crônico, o paciente tem sintomas mais sutis, sendo a perda gradual da visão periférica o principal sintoma. A pressão intraocular acima da normalidade, assim como outros achados clínicos, são encontrados nos pacientes com glaucoma. Desta forma, é indispensável o exame de rotina, para que o médico oftalmologista, ao suspeitar da doença, possa examinar, acompanhar de forma adequada e quando necessário, iniciar o tratamento para controle do glaucoma”, relatou a médica.
“Existem também os glaucomas secundários, que resultam de outras condições oculares, como inflamações, traumas ou uso prolongado de medicamentos como corticosteroides. Outra classificação é o glaucoma de pressão normal, que é mais difícil de ser diagnosticado e que mesmo tendo a pressão intraocular normal, necessita de tratamento”, completou Koch.
A oftalmologista explicou que a enfermidade pode atingir ainda jovens e pessoas de diferentes idades.
“Existe o glaucoma congênito e o glaucoma juvenil. Além disso, outros como pós-processo inflamatório ou pós-trauma. Existem colírios e laserterapia. O tratamento é individualizado, dependendo de diversas características clínicas e individuais”, constatou.