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O presidente do Equador, Daniel Noboa, sofreu um atentado nesta terça-feira (7) na província de Cañar, região central do país. O ataque ocorreu quando o carro presidencial chegava a um evento público e foi promovido por um grupo estimado em 500 pessoas, segundo o governo. A ministra de Energia, Inés María Manzano, afirmou que Noboa não se feriu e classificou o episódio como “tentativa de assassinato”.
De acordo com Manzano, o veículo do presidente foi atingido por disparos e pedras, ficando com marcas de bala e janelas quebradas. “Atirar contra o carro do presidente e danificar patrimônio público é crime. Não vamos permitir isso”, declarou. O governo informou que cinco pessoas foram presas e serão processadas por terrorismo e tentativa de homicídio.
Um vídeo divulgado pela Presidência mostra o momento em que o carro de Noboa é atacado. As imagens revelam o para-brisa trincado e a multidão cercando o veículo. O episódio eleva a tensão no país, que vive uma série de protestos liderados por movimentos indígenas desde o fim de setembro.
As manifestações começaram após o governo eliminar o subsídio ao diesel, o que fez o preço do combustível subir de US$ 1,80 para US$ 2,80 por galão, um aumento de 56%. A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), principal organização de povos originários, lidera os protestos e afirma que o reajuste prejudica camponeses e motoristas de transporte rural.
Desde o início das manifestações, o governo relata um morto, mais de 150 feridos e cerca de 100 pessoas detidas. No último sábado (5), Noboa decretou estado de emergência por 60 dias em 10 das 24 províncias do país, alegando “grave comoção interna” e “radicalização” dos protestos.
Em nota, a Conaie negou envolvimento no atentado e acusou as forças de segurança de agir com violência contra manifestantes pacíficos. A entidade afirmou que mulheres idosas estavam presentes no ato e que as prisões realizadas foram “arbitrárias”.
Os indígenas também reivindicam a redução do IVA de 15% para 12%, além de mais investimentos em saúde e educação. Em resposta, Noboa tem endurecido o discurso, chamando parte dos protestos de “atos terroristas” e prometendo punições de até 30 anos de prisão para os envolvidos.
Ele também afirmou, sem apresentar provas, que mafiosos ligados à quadrilha venezuelana Tren de Aragua estariam infiltrados nas mobilizações. A crise do combustível reacende um tema recorrente na política equatoriana. Situações semelhantes já provocaram grandes ondas de violência nos governos de Lenín Moreno e Guillermo Lasso, em 2019 e 2022.