Não tanto quanto a desastrosa política externa que o antecedeu, o atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma oportunidade marcante para reagir à pseudo-democracia vivida na Venezuela desde que a ditadura chavista chegou ao poder. No entanto, utilizando um princípio válido – mas pouco cabível nesse caso – da “soberania dos povos”, Lula e figuras de grande estirpe petista, como Gleisi Hoffmann, não apenas não condenaram como endossaram a provável farsa eleitoral do último domingo que reconduziu Nicolás Maduro à presidência do país vizinho.
O erro da esquerda brasileira com o modelo venezuelano de ditatura não é de agora. Lula 1 já caminhava pelas tortuosas linhas de fingir que havia normalidade democrática por aquelas bandas. Quando Maduro atacou frontalmente as eleições brasileiras – e o próprio presidente brasileiro -, era esperada uma resposta à altura. Apenas o Tribunal Superior Eleitoral suspendeu o envio de observadores para o pleito da Venezuela. Lula manteve a ida de um assessor especial internacional, também conhecido como Celso Amorim, para endossar o que apenas o governo brasileiro acreditava: a vontade do povo venezuelano seria respeitada. O Brasil bebeu na fonte da democracia venezuelana e embriagou-se.
O que Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram na nação ao lado é algo muito semelhante ao que Jair Bolsonaro e sua trupe tentaram fazer no Brasil em 2022 (e no fatídico 8 de janeiro de 2023). A diferença é que aqui o protagonismo era da extrema direita, que despreza até mesmo o conceito de democracia. Em um paralelo bem simplista, os venezuelanos pelo menos fingem viver em um ambiente democrático para o restante do mundo, o que possivelmente não aconteceria se o intentado golpe desse certo no Brasil. No mundo em 2024 não deveria caber relativismo, mas há a insistência em “passar pano” quando aliados repetem os erros tão criticados nos adversários.
O PT de Gleisi Hoffmann e José Dirceu parou no tempo. O PT de Lula, em tese, se propôs a ser diferente dessa posição ridícula da esquerda congelada no tempo e nos costumes de um modelo de mundo que se mostrou ultrapassado há tempos. Em casos como o da Venezuela, esses petismos se fundem e criam esse constrangimento internacional para um país que se predispõe a ser o “líder do sul global”.

By Laiana

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