O CEO da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, comentou, nesta segunda-feira (27), a recente suspensão de voos para 12 cidades brasileiras a partir de março deste ano. De acordo com ele, por uma série de fatores, não é mais lucrativo para a empresa continuar a realizar voos para estas localidades.
A decisão se deu poucos dias após a fusão com a Gol, outra gigante do setor, mas, segundo Rodgerson, as mudanças não têm relação com o negócio, mas sim se devem à cortes de custos, falta mundial de peças e motores, alta do dólar e opção por rotas mais lucrativas.
“Não vou voar onde estou perdendo dinheiro”, afirmou Rodgerson para justificar a decisão. Segundo ele, a forte desvalorização do real frente ao dólar foi um fator significativo, já que as naves são compradas na moeda norte-americana, e com antecedência, fazendo com que os contratos tenham aumentado significativamente o seu valor.
Rodgerson ainda afirmou que a falta de peças e de motores é um problema da cadeia mundial de aviões, que ainda deve demorar alguns anos para ser normalizado. Ele, no entanto, enxerga o acordo com a Gol como uma saída de fortalecimento e crescimento para superar entraves do mercado brasileiro.
FORTALECIMENTO APESAR DE CRISE
Apesar da suspensão dos voos, o CEO afirmou que a Azul permanece expandindo o seu mercado, saindo de 110 opções antes da pandemia para as atuais 160 cidades, que serão reduzidas a 150 com a saída dos trechos recentes. “Estamos servindo muito mais cidades do que servíamos antes”, afirmou Rodgerson.
Outro fator que incomoda o CEO é o volume de processos judiciais contra o setor no Brasil. Segundo ele, apenas em 2024, foram R$ 1,3 bilhão em todo o setor, o que atrapalha a oferta de passagens mais baratas, porque, segundo o ele, o prejuízo volta para o consumidor.
O CEO explicou que, diversas vezes, a empresa é processada por situações fora de seu alcance: “O Brasil tem 3% dos voos mundiais, mas 98% dos processos judiciais do mundo. Várias vezes um aeroporto pequeno está fechado porque uma capivara está na pista e eu estou sendo processado por isso”.