A temporada reprodutiva das baleias jubarte, espécie muito comum nas águas do litoral nordestino, especialmente na Bahia, acontece durante os meses de junho a novembro. O fenômeno acontece principalmente na região sul, onde há um litoral propício para o desenvolvimento dos filhotes.
Apesar de existirem jubartes no mundo inteiro, há uma população que frequenta a costa do Brasil, especialmente no litoral sul baiano. Mais de mil baleias já foram avistadas na região entre junho e agosto deste ano, de acordo com o monitoramento realizado por biólogos do Instituto Baleia Jubarte (IBJ).
Durante o período reprodutivo, elas migram para a região do Banco dos Abrolhos, considerado o principal berçário da espécie na costa brasileira.
O ápice da temporada ocorre em agosto, quando o número de baleias avistadas geralmente aumenta. Após esse auge, é esperada uma diminuição gradual até o final de outubro e novembro. Para entender mais sobre o período, o iBahia conversou com Milton Marcondes, coordenador do IBJ.
“Elas nascem aqui. Então, normalmente, quando chega junho, julho, elas começam a voltar para cá, para o Brasil. Nesse período, que é o período de acasalamento delas, os machos disputam as fêmeas”, diz o especialista.

Após a fêmea da baleia engravidar, ela tem uma gestação que dura aproximadamente 11 meses. Nesse período, todas as Jubartes partem do Brasil para as áreas de alimentação, nas regiões próximas dos polos. “Elas ficam aqui no inverno e primavera, para reproduzir, para dar luz os filhotes e para amamentá-los. Depois, no verão e outono, elas vão para as áreas de alimentação. No caso das jubartes do Brasil, elas vão para as Ilhas Jorge do Sul e Sanduíche do Sul, que são ilhas subantárticas […] Passam o verão lá se alimentando, e, em abril e maio, voltam. Elas fazem mais ou menos dois meses de migração, até chegar aqui no Brasil” explica o médico veterinário.
No período atual, algumas baleias já chegam grávidas a esta região, onde vêm para dar à luz, enquanto outras chegam para acasalar. As que acasalam tendem a sair mais cedo para chegar antes à área de alimentação, pois precisam iniciar a gestação e, posteriormente, a amamentação do filhote no ano seguinte.

Os filhotes costumam nascer principalmente durante o pico, em agosto. “Eles precisam desenvolver a musculatura e uma camada de gordura, que vão protegê-los do frio. Então, geralmente, eles ficam até o começo de novembro, quando saem daqui com as mães. E aí, vão fazer essa viagem, que dá mais ou menos 4 mil quilômetros daqui de Abrolhos até a área de alimentação”, afirma Milton.
Com toda a movimentação de baleias, é bastante comum encontrar animais encalhados em praias, durante a temporada. O coordenador fala sobre as principais causas deste fenômeno. “A gente tem mais baleias que vão morrer de causas naturais, porque a população é maior. Pode morrer de velhice, ou quando um filhote se separa da mãe e não consegue sobreviver sozinho, ou quando nasce com alguma complicação e acaba morrendo. Eventualmente, um ataque de predador, como uma orca, por exemplo”, relata Milton.
A fase mais sensível desses animais é quando são filhotes, por isso, há mais encalhes durante o período de nascimento. Já são 58 encalhes registrados na Costa do Brasil neste ano, de animais vivos e mortos. Além disso, existem muitas baleias expostas a problemas causados pelo ser humano. “Pode ser atropelado por um grande navio, ficar preso numa rede de pé e acabar se afogando, etc”, explicou.
Vale destacar a importância de se tomar as medidas adequadas ao avistar uma baleia encalhada na praia. Milton alerta sobre a necessidade de o banhista acionar institutos que trabalham com animais marinhos o quanto antes.
Na Bahia, existe o Instituto Baleia Jubarte trabalhando no sul da Bahia e no litoral norte, desde a divisa com o Sergipe até aBaía de Todos-os-Santos. A população deve contatar o número (71) 3676-1463 ao avistar um encalhe. O Instituto Mamíferos Aquáticos também atende na região de Salvador e de Ilhéus. O contato é (71) 99679-2383.

“Quando as pessoas encontram um animal morto na praia, o interessante é que elas não tenham contato com esse animal e avisem para a gente o quanto antes, para podermos ir à praia tentar descobrir do que o animal morreu e orientar a Prefeitura sobre como dar uma destinação adequada à carcaça, inclusive, para diminuir o risco à saúde pública”, diz o especialista.
Além disso, Milton comentou que muitas pessoas, ao encontrarem um animal vivo, tentam devolvê-lo ao mar. Segundo ele, isso não deve ser feito, pois a baleia pode estar com algum problema de saúde e precisa ser examinada pelos profissionais. “Geralmente têm boa intenção, mas está se expondo a um risco de pegar doença, inclusive”, afirma.
É importante não tocar no animal e também manter distância, pois infecções podem ser transmitidas até mesmo pelo ar. “Teve uma jornalista que ficou mal e teve que ir para o hospital depois, e ela nem pôs a mão na baleia, foi só de tomar a respiração enquanto estava fazendo a reportagem”, conta.

By Laiana

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