Foto: REUTERS – Handout.
O Pentágono anunciou nesta terça-feira (11) a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford à sua área de comando na América do Sul, marcando um reforço significativo da presença militar dos Estados Unidos em suas operações de combate ao narcotráfico no Caribe e no Pacífico. Enquanto isso, a Venezuela — com quem os Estados Unidos estão em crise aberta desde agosto — anunciou um envio “massivo” de tropas por todo o país em resposta ao “imperialismo” estadunidense.
O envio deste porta-aviões visa “apoiar a ordem do Presidente de desmantelar organizações criminosas transnacionais e combater o narcoterrorismo em defesa da pátria”, afirmou em um comunicado o Comando Sul (Southcom) dos EUA para a região.
Desde agosto, Washington mantém uma presença militar no Caribe, incluindo meia dúzia de navios de guerra, oficialmente para combater o narcotráfico destinado aos Estados Unidos. Vinte ataques aéreos contra embarcações supostamente carregadas de drogas resultaram na morte de pelo menos 76 pessoas.
A Venezuela considera essa operação dos EUA um pretexto para derrubar Nicolás Maduro e se apoderar das reservas de petróleo do país. O presidente venezuelano, que repetidamente pediu diálogo, afirma estar pronto para se defender, demonstrando constantemente atividade militar dentro do país.
Uma declaração divulgada na terça-feira pelo ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior venezuelano, Vladimir Padrino López, se referiu a um “desdobramento maciço de recursos terrestres, aéreos, navais, fluviais e de mísseis, sistemas de armas, unidades militares e a Milícia Bolivariana”, esta última composta por civis e ex-militares que formam tropas para reforçar o exército ou a polícia.
O canal estatal de televisão VTV transmitiu discursos de altos oficiais em vários estados do país, acompanhados de imagens mostrando exercícios militares. No entanto, estes exercícios amplamente divulgados e midiatizados pelo governo não se traduzem necessariamente em operações.
Na segunda-feira (10), Maduro afirmou que a Venezuela possui a “força e o poder” para responder aos Estados Unidos. “Se o imperialismo atacar e causar danos, será decretada a ordem de operações, mobilização e combate de todo o povo venezuelano”, declarou o chefe de Estado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, deu indicações contraditórias sobre sua estratégia, às vezes mencionando ataques em solo venezuelano, mas também descartando a ideia de guerra.
Rússia considera ataques inaceitáveis
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, classificou na terça-feira os ataques aéreos dos EUA no Mar do Caribe contra navios acusados por Washington de tráfico de drogas como “inaceitáveis”.
“É assim que geralmente agem os países que não respeitam a lei e que se consideram acima dela”, disse Lavrov durante uma reunião com a mídia russa, transmitida pela televisão estatal. O ministro criticou as ações, realizadas, segundo ele, “sem julgamento ou investigação”.
Maduro, um aliado fiel de Vladimir Putin, anunciou em maio uma nova reaproximação entre Moscou e Caracas com a assinatura de um tratado de cooperação.
As relações entre a Rússia e os Estados Unidos, no entanto, esfriaram consideravelmente nas últimas semanas, com Donald Trump expressando sua frustração com a falta de progresso na resolução do conflito na Ucrânia, iniciado por Moscou em fevereiro de 2022.
Fonte: RFI

