Foto AP – Andrew Medichini

Por:

RFI

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

“O Brasil não tem problemas com Israel, o Brasil tem problemas com Netanyahu”, disse Lula, comentando os últimos desdobramentos da crise em Gaza. “Quando Netanyahu não estiver mais no governo, não haverá mais problemas entre Brasil e Israel, que sempre mantiveram excelentes relações. Estamos cientes do papel desempenhado pelo povo judeu, inclusive na oposição às ações de Netanyahu. Sabemos que muitos israelenses não concordaram com essa guerra”, acrescentou o líder brasileiro.

O presidente, no entanto, disse estar “feliz” com o acordo, independentemente de ser “final ou não”. “É um começo muito promissor. O fato de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ido a Israel, discursado no Parlamento e falado é um sinal muito importante”, apontou. Lula concluiu expressando sua esperança de que “aqueles que apoiaram Israel em sua postura violenta agora contribuam para alcançar uma paz definitiva. Acho que todos ficarão felizes, especialmente o povo palestino e o povo judeu.”

“Nem me lembrava de que Zambelli estava na Itália”

Ao ser questionado sobre o destino da deputada brasileira Carla Zambelli, presa na Itália e aguardando extradição, Lula ironizou, dizendo que “nem me lembrava de que ela estava na Itália”.

“Eu nem lembrava do nome dela. Se vocês não tivessem me perguntado, eu nem saberia que ela estava aqui”, reagiu Lula durante a coletiva de imprensa. “Para mim, [Zambelli] é uma pessoa que não merece o respeito daqueles que amam a democracia”, continuou o presidente brasileiro.

Por fim, Lula enfatizou que a parlamentar, atualmente detida no presídio de Rebibbia, em Roma, “vai pagar pelo erro que cometeu”, seja na Itália ou no Brasil. “É uma questão de justiça que não me diz respeito”, concluiu o chefe de Estado.

“É preciso colocar os pobres no orçamento”

Lula também fez um discurso na sessão de abertura do Fórum Mundial da Alimentação da FAO. O evento marca os 80 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

“Os desafios se aprofundaram”, disse o presidente brasileiro, lembrando que participou das comemorações dos 70 anos da instituição. “Não temos alternativa senão persistir. Enquanto houver fome, a FAO permanecerá indispensável”, declarou, ressaltando os feitos da entidade, vista por ele como um “exemplo de um multilateralismo que escuta os países em desenvolvimento”.

Lula lembrou que o programa brasileiro Fome Zero serviu de inspiração para os objetivos de desenvolvimento sustentável da FAO e defendeu a iniciativa. “Não se trata de assistencialismo. É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado, para evitar que avanços fiquem à mercê de crises ou marés políticas.”

“Não há como dissociar a fome das desigualdades que dividem ricos e pobres, homens e mulheres, nações desenvolvidas e nações em desenvolvimento”, disse o chefe de Estado. “A fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios”, insistiu o líder brasileiro.

Reuniões com executivos da TIM e da Poste Italiane

Pela manhã, depois do encontro com o papa Leão XIV, Lula também participou de duas reuniões “importantes” com os executivos da operadora telefônica TIM e da Poste Italiane (Correios da Itália).

“A TIM tem no Brasil o negócio mais rentável do mundo. Por isso, seu CEO, Pietro Labriola, veio me agradecer pela excelente posição que a empresa ocupa no Brasil”, disse Lula na coletiva de imprensa após o evento. “De todos os países, incluindo a Itália, o Brasil é o que garante à TIM a maior rentabilidade”, explicou.

Já sobre sua reunião com a diretoria da Poste Italiane, Lula fez referência a uma crise “bastante grave” na Itália, que já foi resolvida. “Eu disse que adoraria ouvir sobre a experiência bem-sucedida deles na reestruturação dos correios italianos. Então, é possível que possamos realizar uma reunião no Brasil, ou talvez alguém do Brasil possa vir à Itália”, finalizou. 

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