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A Ucrânia apoiou uma proposta dos Estados Unidos de um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia. Em troca, Washington aceitou retirar as restrições à ajuda militar e ao compartilhamento de dados de inteligência, informaram as partes em um comunicado conjunto nesta terça-feira (11), após uma reunião na Arábia Saudita. Um acordo sobre os minerais ucranianos também de ser concluído “o mais rápido possível”, de acordo com a declaração.
“A Ucrânia expressou sua disposição de aceitar a proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo imediato e provisório de 30 dias, que pode ser estendido por acordo mútuo das partes e que está sujeito à aceitação e implementação simultâneas pela Federação Russa”, detalhou a declaração conjunta. “Os Estados Unidos farão com que a Rússia saiba que a reciprocidade russa é a chave para a paz”, acrescentou a declaração.
Do lado ucraniano estavam presentes Andrii Yermak, chefe do gabinete presidencial, e os ministros da Defesa e das Relações Exteriores. “Estamos prontos para fazer tudo para alcançar a paz”, disse Andriy Yermak aos repórteres no começo do encontro, acrescentando que a reunião havia iniciado “de forma muito construtiva”.
A primeira sessão durou pouco mais de três horas. As negociações foram retomadas à tarde e corrreram “normalmente”, de acordo com um funcionário ucraniano em Kiev que preferiu não se identificar. Segundo ele, “muitas questões foram abordadas” durante o encontro, que durou mais de oito horas.
Embora esteja presente na Arábia Saudita, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, não participou diretamente das conversas. Após a divulgação do comunicado conjunto, o chefe de Estado frisou que os norte-americanos ainda precisam “convencer” a Rússia a aceitar o cessar-fogo de 30 dias proposto nas negociações entre Kiev e Washington na Arábia Saudita.
Em sua mensagem diária publicada nas redes sociais, Zelensky acrescentou que a Ucrânia vê essa proposta de trégua de forma “positiva”.
O ucraniano lembrou mais cedo que seu país é grato aos americanos e está pronto para o diálogo. Ele também destacou que a posição da delegação de Kiev é “completamente construtiva” e que esperava um resultado prático dessas discussões.
Embora o presidente americano tenha feito inúmeras críticas a Zelensky, acusando-o de ser um “ditador” ou de não ser grato o suficiente a Washington, o tom parece ter se acalmado, mesmo após uma reunião entre os dois líderes na Casa Branca que terminou em clima de bate-boca.
Concessões territoriais ucranianas “inevitáveis”
Marco Rubio declarou que a ideia de um cessar-fogo parcial era “o tipo de concessão necessária para acabar com o conflito”. Mas no avião que o levava para a Arábia Saudita, o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse, entretanto, que os Estados Unidos consideravam as concessões territoriais ucranianas como inevitáveis.
A questão dos territórios ocupados ilegalmente é um componente importante na mesa de negociações, pois se a Ucrânia concordar em abrir mão de regiões conquistadas pela Rússia, Kiev perde a sua integridade territorial.
Aliado histórico dos Estados Unidos, a Arábia Saudita se consolida a sua influência internacional ao promover este encontro. Após ser recebido pelo príncipe herdeiro, Zelensky afirmou que Riade representava “uma plataforma muito importante para a diplomacia”.
De acordo com a presidência ucraniana, a reunião com Mohammed bin Salman se concentrou na “possível mediação saudita para a libertação de prisioneiros militares e civis e o retorno de crianças deportadas”, bem como nas garantias de segurança exigidas por Kiev.
Fonte: RFI