Benedito Freire Sena

Moro no Bairro Pompílio Sampaio – Algarobas. No caminho para minha casa tem um armazém. Dentro dele, muitas bandejas de plástico cheias de terra de várias cores. São amostras retiradas do Limoeiro, Florestal, Queimadas, etc. “Terras Raras”, disseram-me. Elas têm cério, lutecio, e outros elementos de diversas propriedades físico-químicas, que são verdadeiras preciosidades, o futuro, a nossa redenção. “Retocai o céu de anil, bandeirolas no cordão”, relembrando aqui Tom Zé, no clássico tropicalista, “Parque Industrial”.

Aprendi com o Professor Emerson Pinto de Araújo, que os trilhos da Estrada de Ferro de Nazaré formavam o Porto dos Trilhos, o catalisador do nosso progresso. Antes disso representava para mim, o percurso do trem que me levava para a casa dos meus tios, primos e primas, às iguarias das estações do Vale do Jequiriçá, Nazaré das Farinhas da Erato e da Euterpe, e da baldeação em São Roque, para pegar “aquele velho navio”, para Salvador. Agora olho as amostras das “Terras Raras”, penso nos “garimpeiros” de terno e gravata que estão chegando. Um frêmito de asas invisíveis, arrepiantes fazem-me lembrar dos livros de Ailton Krenak: Ideias para Adiar o Fim do Mundo e a Vida Útil.

Saudades do tempo que a gente cantava que os alquimistas estavam chegando, tínhamos um Fusca, um violão e uma negra chamada Tereza.

Agora cantemos em coro, com o couro exposto ao sol: os garimpeiros estão chegando, temos “Terras Raras” e Nova Estrada de Ferro.

By Brito

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