Nos últimos anos, o semiárido baiano tem registrado avanços significativos com a implementação de 291 sistemas de dessalinização, fruto do Programa Água Doce (PAD). Executado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o programa não apenas garante acesso à água potável para consumo humano, mas também impulsiona o empreendedorismo em diversas comunidades rurais. Entre os principais destaques, está o fortalecimento de associações de mulheres que, com o apoio da água dessalinizada, passaram a produzir polpas, doces, bolos e outros produtos alimentícios, gerando renda para suas famílias.
Integração de políticas e fomento ao empreendedorismo
Com o objetivo de ampliar essas iniciativas, a Sema organizou uma expedição que se estenderá até o dia 23 de agosto, reunindo gestores e especialistas de diversas instituições públicas. Durante a expedição, as experiências de seis comunidades rurais serão analisadas para promover a integração de políticas de desenvolvimento socioeconômico. “Pretendemos montar uma frente ampla de atuação para inserir essas práticas em estratégias transversais de políticas governamentais, trazendo outros projetos e multiplicando esses exemplos para as demais comunidades atendidas pelo PAD”, afirmou a coordenadora estadual do PAD e representante da Sema, Luciana Santa Rita.
Visitas às comunidades e expansão de projetos
O itinerário da expedição começou nesta terça-feira (20/08/2024) nas localidades de Mandassaia II e Bispador, situadas nos municípios de Riachão de Jacuípe e Capela do Alto Alegre, respectivamente. Nessas comunidades, a comitiva conheceu de perto o projeto de piscicultura liderado pela Bahia Pesca em parceria com o PAD, além da fábrica de sequilhos Quitutes Dona Izabel, que tem sua produção alavancada pela utilização da água fornecida pelo sistema de dessalinização.
*Fortalecimento do empreendedorismo feminino*
Maria Odelice de Lima, integrante da Associação Comunitária dos Moradores de Mandassaia II, é um exemplo do protagonismo feminino que o PAD tem fomentado. Segundo Odelice, o programa permitiu o desenvolvimento de projetos que antes eram inviáveis pela falta de água potável.
Ela também mencionou que, além dos biscoitos, sua comunidade participou de um projeto de processamento de frutas para a produção de polpas.
Piscicultura e agricultura sustentável no semiárido
Outro projeto em destaque é a piscicultura na comunidade de Mandassaia II, onde a criação de tilápias utiliza o tanque de rejeito salino dos sistemas de dessalinização. Segundo o gerente de projetos da Bahia Pesca, José Gonçalves Jr., a piscicultura no semiárido tem demonstrado resultados promissores, com uma produção superior às expectativas iniciais.
Além da piscicultura, a água do reservatório de peixes tem sido aproveitada para o cultivo de plantas halófitas, usadas na alimentação de caprinos e bovinos, integrando práticas sustentáveis de agricultura e pecuária na região.
Expansão do Programa Água Doce para outras localidades
A expedição seguirá para outras localidades do semiárido, como o Assentamento Lagoa de Dentro (Ourolândia), São Tomé (Campo Formoso), Fazenda Cachoeirinha (Andorinha) e Arapuá Novo (Jaguarari). Em cada uma dessas comunidades, o PAD tem desempenhado um papel fundamental na melhoria das condições de vida, com projetos que incluem o cultivo de camarões e peixes, processamento de alimentos e até uma pequena usina de envase e comercialização da água dessalinizada.
A representante do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Larissa Rosa, também destacou a importância do conhecimento local para o sucesso do programa.