Foto: Agência Brasil
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, celebrou nesta segunda-feira (10) o consenso alcançado entre os países sobre a agenda oficial da conferência do clima da ONU, realizada em Belém (PA). “Quero agradecer às delegações pelo fantástico acordo que alcançaram ontem à noite”, afirmou em coletiva de imprensa. Segundo ele, o entendimento “permitirá que comecemos a trabalhar intensamente desde hoje”.
Com a agenda aprovada, as negociações seguem na chamada “blue zone”, área restrita onde diplomatas de quase 200 países revisam os textos dos acordos climáticos. Os debates abrangem temas como financiamento, mitigação e perdas e danos, com mais de 100 documentos em análise detalhada. A diretora-executiva da conferência, Ana Toni, disse à GloboNews que “são 145 tópicos, sendo 20 deles bastante relevantes”.
A aprovação da agenda foi vista como sinal de cooperação e avanço nas pautas centrais da COP. A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, destacou o papel da presidência brasileira: “Começamos muito bem a COP aqui em Belém, graças ao competentíssimo trabalho feito pela presidência”. Ela também ressaltou que o Brasil conseguiu evitar impasses em torno de temas sensíveis, como financiamento climático e metas de emissões.
Entre os resultados esperados da conferência está o avanço nas metas climáticas nacionais (NDCs), consideradas insuficientes diante da urgência do cenário global. Atualmente, as metas vigentes cobrem apenas 30% das emissões globais e levariam a uma redução de 4% até 2035, quando a ciência indica a necessidade de cortes de cerca de 60%.
Outro ponto central das discussões é a criação do “mapa do caminho” da transição energética, documento que definirá etapas e prazos para a redução de emissões. Durante a pré-COP em Brasília, a ministra Marina Silva afirmou que “não existe como falar de COP da implementação se não tivermos os meios para isso”. Segundo ela, a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos será essencial para viabilizar compromissos firmes.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, reforçou que os países precisam transformar discursos em compromissos formais. “Os discursos são bem-vindos, mas precisamos que isso vire compromisso formal”, afirmou. A COP30 segue em Belém até o fim de novembro, reunindo chefes de Estado, especialistas e representantes de organizações internacionais.


