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A Venezuela reforçou sua presença militar em estados fronteiriços com a Colômbia na sexta-feira (17), como parte de manobras envolvendo 17 mil soldados e em resposta ao envio de navios de guerra americanos para o Caribe. A segurança também foi intensificada na fronteira com o Brasil. Washington justificou o envio das tropas oficialmente como parte de uma operação antidrogas, visando especificamente a Venezuela e seu presidente Nicolás Maduro.
A crise, que ameaça arrastar Caracas e Washington para uma guerra, está causando tensões institucionais de ambos os lados. Donald Trump, que autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, relatou pelo menos cinco ataques a embarcações, matando pelo menos 27 pessoas. Seis delas morreram neste último ataque, anunciado na terça-feira (14). A AFP não conseguiu verificar os números de forma independente.
O presidente Nicolás Maduro, que nega qualquer ligação com o narcotráfico, considera o envio dos Estados Unidos uma “ameaça”, e ordenou manobras militares envolvendo milhares de soldados em todo o país em resposta. Autoridades locais nos estados de Táchira e Amazonas anunciaram na quinta-feira o envio de tropas com patrulhas e procedimentos de controle nas passagens de fronteira com o vizinho colombiano.
Em Táchira, onde estão localizadas as três principais pontes que ligam a Venezuela à Colômbia, forças foram mobilizadas ao redor da Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga as cidades colombianas de Cúcuta e Villa del Rosario à cidade venezuelana de San Antonio.
Segundo o comandante da Zona Operacional de Defesa Integrada (Zodi) em Táchira, general Michell Valladares, 17 mil soldados foram mobilizados. Já no estado do Amazonas, que faz fronteira com o Brasil ao sul, forças foram distribuídas por toda a região para proteger “negócios estratégicos” e “serviços básicos”.
Essas ações visam “elevar o nível de prontidão operacional” das forças e garantir a integração do “povo com as armas”, disse o chefe da Zodi no Amazonas, general Lionel Sojo.
A Venezuela também mantém mobilizações em áreas costeiras. Após o último ataque marítimo, a polícia de Trinidad e Tobago anunciou que está investigando a possível morte de dois de seus cidadãos.
“Guerra psicológica”
Donald Trump acusa o presidente venezuelano de envolvimento direto com o tráfico de drogas, o que ele nega formalmente. A prisão de Nicolás Maduro, indiciado pela justiça americana, está sujeita a uma recompensa de US$ 50 milhões.
O almirante Alvin Holsey, por sua vez, anunciou que deixaria seu posto como comandante das forças americanas na América do Sul e Central em 12 de dezembro para “se aposentar da Marinha”, na rede social X, sem maiores explicações, após “mais de 37 anos” nas Forças Armadas.
Ele se junta a uma longa lista de altos oficiais militares americanos destituídos ou que se aposentaram desde o início do segundo mandato de Trump na Casa Branca, em janeiro.
Os comentários recentes de Donald Trump sobre as operações da CIA indignaram Caracas, que protestou contra “golpes fomentados” pela principal agência de inteligência estrangeira dos EUA.
Mas o jornal americano Miami Herald noticiou na quinta-feira, sem citar fontes, que a vice-presidente Delcy Rodríguez e seu irmão Jorge estavam negociando com Washington para depor Nicolás Maduro em troca da manutenção do poder. Via Telegram, Rodríguez negou as acusações: “Mais um meio de comunicação contribuindo para a guerra psicológica contra o povo venezuelano. Eles não têm ética nem moral e promovem exclusivamente mentiras e podridão”, disse.
Fonte: RFI

